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Birigüi, São Paulo, Brazil
Tenho 30 anos, sou graduado em Letras pela Faculdade de Ciências e Tecnologia de Birigui (FATEB),graduado em História pela Universidade Toledo de Araçatuba e pós-graduado em Assessoria Bíblica pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo, Rio Grande do Sul (EST)em parceria com o Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI). Atualmente professor da educação básica de escolas estaduais de SP e cursando o pós-graduação em História Cultural pelo Centro Universitário Claretiano.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Geografia

O desenvolvimento tecnológico e seus impactos no meio-ambiente

É fácil perceber, nos dias de hoje, que o tempo da natureza não é o mesmo da sociedade de consumo, pois, a necessidade que o sistema capitalista impõe faz com que a produção de bens de consumo seja maior do que produção de matéria prima retirada da natureza.
Exemplo disso são os recursos minerais encontrados em abundância no período colonial do Brasil. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico, a extração desses minerais ocorre de maneira rápida e com grande impacto no meio ambiente devido às técnicas utilizadas para a exploração do solo. Com a extração excessiva, os minerais diminuíram consideravelmente.
Outra situação de exploração dos recursos naturais é o desmatamento provocado pelas indústrias de celulose. Apesar do reflorestamento praticado por essas indústrias, as espécies de árvores replantadas, na grande maioria das vezes, não está de acordo com o ecossistema. A variedade de espécies é substituída por apenas uma, o que compromete a vida animal que depende da diversidade natural.
Entretanto, não é somente a exploração desenfreada de recursos naturais que têm efeito negativo no meio ambiente, mas também o cuidado com a poluição causada pelas grandes indústrias e a intensa urbanização.
Com o crescimento das cidades, tem-se a pavimentação do solo e a terra, de grande permeabilidade, dá lugar ao cimento que segura as águas das chuvas. Dessa maneira, é muito comum as grandes cidades sofrerem com o problema das enchentes que trazem consigo o problema da poluição dos córregos que cortam as cidades. As indústrias, o lixo doméstico e a falta de saneamento são responsáveis pela poluição das águas. No caso do lixo doméstico e da falta de saneamento, o contato com essa água pode causar doenças como a hepatite e a cólera. Já as indústrias respondem pela contaminação da água através de produtos químicos nocivos aos seres humanos e animais e que comprometem não só a água, mas também o solo. Segundo Boligian (2004):

“Estima-se que existam nos Estados Unidos cerca de 20 mil depósitos de produtos químicos e na Holanda, cerca de 100 mil, muitos dos quais localizados sob áreas residenciais. Esses produtos altamente tóxicos ao organismo humano podem causar sérios problemas à saúde, pois são compostos de substâncias carcinogênicas e teratogênicas[1].”

Há ainda o problema das chuvas ácidas que também ocorre em cidades onde há grande concentração de indústrias, veículos e usinas termoelétricas.
Essas chuvas danificam construções, monumentos, comprometem a vegetação urbana e podem, a longo prazo, contaminar a água trazendo sérios problemas à saúde urbana.
Já em nossa região, interior paulista, atualmente convivemos com o problema da monocultura açucareira. A cada dia, novas usinas sucroalcooleiras vêm se instalando com o discurso de aumentar a geração de empregos. Em contrapartida, vemos a grande quantidade de plantações de cana-de-açucar que, além de explorar a mão-de-obra bóia-fria, são responsáveis pelo aquecimento de nossa região. A excessiva queimada das lavouras de cana provoca o aumento da temperatura tornando a vida nas cidades insuportável.
Como podemos ver, o sistema capitalista traz muitos avanços e comodidade, mas, ao mesmo tempo, os meios de produção utilizados para a exploração de recursos minerais e o descuido com os resíduos domésticos e das indústrias causam impactos que a natureza não consegue superar a curto prazo.


[1] Carcinogênico: agente que provoca tumor maligno epitelial ou glandular, que tende a invadir tecidos circundantes, originando metástases.
Teratogênese: formação e desenvolvimento no útero de anomalias que levam a malformações; teratogenia.


Referência bibliográfica:

BOLIGIAN, Levon. ALVES, Andressa. Geografia: espaço e vida. São Paulo, Atual, 2004. 1ª ed.

domingo, 7 de dezembro de 2008

CONTO

Perpétua sossego ou Sossego perpétua

Desde pequeno ele gostava de ir até o cemitério. Chegava lá, ia para a estradinha que beirava o muro, encostava sua bicicleta e ficava sentado à sombra de uma árvore. Isso o fazia lembrar das manhãs de domingo quando sua avó vinha colocar flores e acender velas para seu avô.
O que o fascinava era a calma do cemitério vazio naquelas manhãs. Uma calma com gosto de respeito experimentada pelas árvores e pássaros.
Com seus dezessete anos, retornava a esse lugar onde conheceu o significado da paz dos mortos. Era bom fugir das gritarias caseiras e contemplar o silêncio que os túmulos emanavam. Uma cidade, pensava ele, uma cidade quieta onde mora o sossego juntamente com a natureza.
Aos vinte e alguma coisa, ele tenta retornar ao seu lugar de infância, há muito já sem a companhia da avó que já morava por ali nos últimos quinze anos, mas que agora não acendia mais velas e nem colocava flores, apenas recebia tais homenagens.
O silêncio era interrompido pelo barulho de vozes que vinham do outro lado do muro do cemitério onde ele sempre se encostara. Vozes e carros não deixavam que aquele cantinho à sombra da árvore, já menos frondosa, continuasse a ser agradável. O bom pasto que ficava ali atrás dera lugar a uma rua com casas em suas bordas. Hora de procurar outro lugar, sair, correr, pedalar e encontrar o vazio, o silêncio, o sossego que havia mudado.
Tentou, então, passar pela rua onde morava quando criança. Ela já era asfaltada na época e os jogos de futebol com os amigos sempre deixavam alguns dedões destampados e sangrando. Isso agora parecia prazeroso, mas os amigos cresceram e a bola murchou e se perdeu. A rua também já possuía muitas casas em suas bordas e o sossego que brincava ali nas tardes da semana deixara de viver aquela gostosa rotina.
Fugindo, pensou ele ser melhor procurar por um novo lugar. Mas o novo lugar não tem significado! Não significa! O que não se vive, não marca e mais uma vez ele viu que o sossego não estava ali também.
Ele, procurando por onde já tinha vivido, nada encontrou além de lugares sobre o seu lugar, sepultando o sossego. É isso! O sossego morreu e por isso não se encontra. Decidiu então terminar a procura e se fazer sossego, transformar-se. Fez seu ritual, aos tantos anos, deitou, juntou os pés, cruzou as mãos sobre o peito, fechou os olhos e sossegou.

domingo, 5 de outubro de 2008

Juventude e Escola

O que é ser jovem, hoje, ou quando se é jovem? Com treze, quinze ou dezoito anos?
Ao longo da história, muitas e diferentes conceituações foram construídas sobre o que é ser jovem. Poderia se afirmar que o ideal juvenil repousa no imaginário coletivo revelando-se ora através do desejo de ser jovem para sempre, ora através da percepção da juventude como um estado de espírito permanente.
Acredita-se, no entanto, que a juventude é um período em que se gozam certos privilégios, um período no qual tudo, ou quase tudo, é possível, que se situa entre a maturidade biológica e a maturidade social, um tempo livre em que se vive tudo ao mesmo tempo.
É bom lembrar também que a juventude é um período no qual os(as) jovens passam por inúmeras mudanças desde a adolescência até a idade adulta. O amadurecimento biológico acarretando muitas mudanças no organismo traz ao jovem um grande desafio na sociedade.
Há também a necessidade de encontrar o primeiro emprego, imposta pelo mundo globalizado, e a dúvida em relação à escolha no ingresso na faculdade, quando isso é possível, pois, para aqueles e aquelas economicamente desfavorecidos, conseguir um emprego ainda na adolescência é fundamental para o sustento da família e quando alguns e algumas desses(as) jovens têm a oportunidade de vislumbrar o ensino superior, surgem as incertezas quanto à carreira a ser seguida.
Para complicar ainda mais, existe o conflito das idades do “sim” e do “não”. O(a) jovem tem uma idade fixada pelas autoridades para votar, para dirigir e para a maioridade, porém possui uma outra idade imposta pela sociedade que o faz determinar e o determina.
A juventude, ou “as juventudes”, é resultante de todas essas condições presentes no mundo contemporâneo consumista e alienador. Em meio a essas condições o(a) jovem vive o processo de perdas internas e novas conquistas, tem um olhar para si e para o mundo e ainda sofre a influência de algum grupo ao qual pertence. Nessa constante turbulência, o jovem e a jovem vão re-significando suas idéias e representações modelando sua subjetividade.
São esses(as) jovens que a escola acolhe em seu espaço e que devem ser entendidos como indivíduos histórico-sociais, pois receberam diferentes influências de diversos meios ao longo de sua vida, assim como também, agiu nesses mesmos meios mediados pelas relações sociais. A escola, muito antes de alfabetizar o indivíduo é um órgão socializador, pois é onde o ser humano começa de maneira mais intensa a exercitar sua vida e sua capacidade de relacionamento com os demais. É um processo dialógico, único e ao mesmo tempo coletivo, individual e social que se mistura na constituição do sujeito.
Assim, parte-se do princípio que a Escola não deve ser unicamente espaço de produção ou reprodução da cultura de massa, mas um dos lugares de criação, transformação, construção e desconstrução. Nela, os alunos participam das atividades escolares propostas pelos professores, se expressam como aprendizes, se percebem enquanto reprodutores de modelos, mas também devem se perceber como protagonistas na construção de seu conhecimento.
A partir de experiências escolares, o indivíduo vai se constituindo subjetivamente. Um processo de constituição da subjetividade que envolve tanto o conhecimento em si, a emoção, o simbólico como a representação que ele faz da própria realidade. O seu Eu se relaciona com o mundo, com a escola e, na tentativa de compreendê-la, compreende também a si.
Dessa forma, é possível abrir uma perspectiva crítica e sensível de observação e análise sobre a Escola e sobre o processo de ensino e aprendizagem que nela é desenvolvido. Um processo que deve estar ligado à construção da subjetividade no sujeito por meio desse mesmo sujeito, criando uma linguagem que permita decifrar conceitos no contexto das relações socioculturais. Um processo de mão dupla, no qual ao mesmo tempo em que se pensa a Escola que aí está, ocorre também o envolvimento num processo contínuo, real e significativo de aprendizagem.

Lucas Rinaldini