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Birigüi, São Paulo, Brazil
Tenho 30 anos, sou graduado em Letras pela Faculdade de Ciências e Tecnologia de Birigui (FATEB),graduado em História pela Universidade Toledo de Araçatuba e pós-graduado em Assessoria Bíblica pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo, Rio Grande do Sul (EST)em parceria com o Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI). Atualmente professor da educação básica de escolas estaduais de SP e cursando o pós-graduação em História Cultural pelo Centro Universitário Claretiano.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Quem é culpado?

Chega ele de mansinho
Tenta espiar pela janela
Sente o cheiro, ronca a barriga
Não é pro seu bico, não é pro seu bico!
Sai chorando, com vontade
Barriga roncando, pouca idade
Pouca idade, pouco a perder
Melhor é roubar que perecer
Hora de ir lá
De pegá
De tomá o que lhe é de direito
Deus é que fez! Deus é que fez!
Nada é roubado
É partilha na marra!
Quem nega é culpado
Coitado de quem...
... o pão é negado.

Lucas Rinaldini

sábado, 23 de janeiro de 2010

COLÔNIAS DO SUL – NEGROS

Devido à economia adotada nas colônias do sul, ou seja, a predominância da agricultura, aos poucos, o trabalho servil branco foi dando espaço à mão-de-obra escrava africana que pareceu mais vantajosa aos plantadores. Há debates sobre quais as condições de escravidão foram piores: a norte-americana ou a ibérica. Isso inclui as condições às quais eram sujeitados os africanos sem mencionar a cultura do medo gerado em torno do povo negro.
Não cabe aqui discutir se a escravidão nas colônias americanas foi ou não menos cruel que a escravidão ibérica, pois, segundo o relato de Gustavus Vassa havia o medo diante dos brancos compradores e a dor da separação das famílias. Esses sentimentos podem se encaixar a todos os africanos que, não importando seu destino, eram transportados em péssimas condições e despejados em terras estranhas longe da família e da sua cultura. Os castigos mais dolorosos podem ter sido os físicos, mas as cicatrizes mais profundas estão nas almas desses seres humanos até hoje.
Que as condições de vida dos escravos eram desumanas pode-se constatar pelos relatos de insurreições e outras formas de resistência organizadas pelos africanos. A população branca, por sua vez, sem enxergar a sua crueldade para com os escravos negros, usa seu medo para justificar seus códigos que proibiam os negros a saírem aos domingos, a usar armas e tratamento com rigor demasiado caso houvesse algum crime. É provável que essa situação seja a gênese de uma mentalidade “etnofóbica” presente até os dias de hoje entre os norte-americanos.
Mesmo alguma tentativa abolicionista, tentando alertar para o mal da escravidão e enaltecer o africano acaba reforçando a mentalidade de superioridade presente entre os brancos como é o caso, segundo Karnal, do livro de Harriet Stowe que, grosso modo, pode-se entender como uma afirmação de que negro bom é negro branco.
Desse modo, pode-se propor que o ponto mais importante a ser analisado não são as condições de escravidão, uma vez que qualquer uma delas é desumana e, portanto, inaceitável, mas o quão cegas foram as sociedades escravocratas norte-americanas e ibéricas a ponto de se colocarem como vítimas de uma situação em que se caracterizam claramente como opressores.

Lucas Rinaldini